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quinta-feira, 29 de abril de 2010

A Chegada


Dia 10: A chegada!

Ontem ficamos a uma distancia confortável de Santiago.
60 km é uma distancia acessível...pelo menos foi o que pensamos...mas já lá vamos.
Acordamos tarde! As 7h15m.
Tomamos o pequeno almoço no albergue.
O pequeno almoço era buffet self service pelo que demoramos bastante a sair da mesa....bem atestadinhos.
Hoje era dia de cerimónia e vestimos a nossa melhor roupa e toca a montar!
Começamos a rolar em bom ritmo.
Os peregrinos no caminho apareciam como cogumelos...eram muitos e á medida que andavamos apareciam mais grupos.
È fundamental ter uma campaínha na bike e que tanto jeito me deu ao longo destes dias...
Pelo meio dos campos a paisagem continuava magnifica.


O sol já estava quente mas passavamos grande parte do pecurso por baixo de tuneis de arvores. Percurso agradável e ouvindo já os grilos a cantar no meio dos campos.


Passamos em alguns riachos e ainda pensei em tirar outra vez o atrelado...mas náááá... Fica para a proxima!
As placas no caminho rapidamente iam baixando de 60 para 50 e até mesmo aos 40km foi sempre a andar...
As bikes pareciam que estavam mais leves ou a ansiedade servia como incentivo pra pedalar com gosto...
Mas pra começar a baixar dos 40km foi um ver se te avias...
O terreno começava a inclinar e as pernas começavam a fraquejar...


Pela primeira vez em 10 dias sentíamos o cansaço nas pernas.


Curiosamente também os traseiros começavam a queixar-se...


MORAL DA HISTÓRIA: o nosso corpo é uma maquina mas é o cerebro que a comanda...
Paragem a 30 km de Santiago e compramos um balão de oxigénio ( 1.5l de Isostar) e recuperamos as forças.


Novamente a rolar em alta baixamos para os 20 km.
Aqui a inclinação era maior e tinhamos que começar a subir sempre até ao monte do gozo...


e lá continuamos...






















Foi cansativo, desgastante e com muito esforço lá chegamos.

Primeira sensação de objectivo conseguido.


Santiago estava lá em baixo á nossa espera.













Apreciamos o momento e transbordávamos emoções.
Novamente no caminho fizemos os últimos km que até já conhecíamos pois o ano passado tínhamos ido fazer o reconhecimento.



















Chegamos a Santiago.






















































Em números redondos são 875 km( eu tenho 864 km e o Daniel 884 km- ele devia esperar que eu dormisse e depois ia dar umas voltas!)
Velocidade média foi de 9.5 km/h.
Em media bebemos 5L de água por dia.
E mais e mais coisas...mais numeros...mas não é isso o importante.

Um agradecimento importante ao Mark Velhote que me criou o blog e o foi actualizando com as informações que lhe enviei.
Ao Amândio e ao Marco pela participação na preparação desta aventura que também eles já viveram.
Agradecimento ao meu irmão que uma vez mais nos foi buscar no seu Picasso ( fomos de comboio até vigo e não tínhamos ligação para Portugal).
A todos os outros eu digo também obrigado.
Obrigado por estarem comigo.


A sensação a chegar a Santiago é nova apesar de já não ser a primeira vez que ali chegamos de bike.
Não consigo arranjar palavras para descrever tudo o que me passou pela cabeça.
Sinto-me desmesuradamente Rico.
Nos próximos dias vou continuar a pensar no meu caminho.
Vou continuar a pensar que não fiz o caminho, mas que fiz parte de um caminho.
È este momento delicioso que quero que dure. Que seja eterno!
Vou colocar mais algumas fotos (vai ser dificil escolher entre mais de 800) e espero que consigam tocar-vos de alguma forma, pois quanto a mim ficarão gravadas na memória e num cantinho especial.


A todos eu digo... Ultreia...


Obrigado...Man.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Dia 9 - 28/04/2010

Dia 9:

Dia de divertimento e de beleza...

Hoje troquei as voltas ao Daniel e só nos levantamos as 6h15m.

Tomamos o pequeno almoço e fizemo-nos á estrada.


















Começamos com descida. Grande descida e single track vertiginoso.

















Atrelado e alforges a gemer mas tudo controlado.

A primavera em força e flores por todo o lado....cada uma mais bonita que outra....

Primeiro furo em toda a jornada e teve de ser o Daniel a estrear-se...

Nada que uma lata de spray milagroso não resolva.

Siga mais um pouco e nova paragem.


Novamente o mono do Daniel a ter de ir as boxes.




















Pneu trilhado e tinha um " Galo" daqueles que canta á meia noite!

Não arriscamos muito e na primeira oportunidade paramos numa loja de bikes pra trocar o pneu que parecia que tinha tido uma trombose.



Pneu novo "maxxis"e ninguém pára o Daniel...2 a zero ganha a Lapierre no campeonato da fiabilidade!





Novamente no trilho e fomos brindados com um dos mais belos percursos de todo o caminho.













Até os peregrinos páram pra nos ver passar(mais por causa do meu atrelado!)




















Estavamos na rota Sendeirista.
















Cascatas com água limpida, moinhos, túneis de árvores enormes, muito verde, pontes antigas, passaros a cantar, cavalos e vacas a pastar e a namorar, cegonhas, enfim hoje foi simplesmente fantastico.
















A juntar ao primeiro dia da subida aos pirineus estes foram os percursos que se destacaram de todo o caminho até agora.

Para quem gosta de caminhar e apreciar a natureza aconselho vivamente.M.
Paragem para almoçar.















Já estamos na galiza e aqui o polvo é rei. Para almoço uma tarte de polvo com pimentos enorme!


Novamente no caminho em Sarria continuamos com as paisagens lindissimas pelo meio do monte.

Começamos num sobe e desce continuo. Aqui este tipo de percurso é chamado de Rompe piernas...e faz jus ao nome.


Estou mais cansado hoje do que ontem depois da subida ao Cebreiro.


Passamos ainda pela placa do km 100 e nova foto! Já entramos nos 2 digitos...















Momento hilariante do dia:


Iamos a passar no meio de uma aldeiazita quando aparecem assim de repente umas vacas curiosas.














O Daniel seguiu encostado á parede mas eu não me podia mexer.


O saco do meu atrelado é laranja, as luvas vermelhas e no casaco também tenho vermelho. Encostei-me o mais que pude á parede enquanto as touras iam passando e olhavam pra mim e pro atrelado desconfiadas...quando dou por mim, olho pelo canto do olho e tava rodeado de vacas cuscas que pestanejavam mesmo em cima de mim.







Em vez de fazer alguma coisa ao ver-me ali em pânico, o Daniel tirava fotos e quase se desfazia a rir...ele, o pastor e duas espanholas que iam a passar... Moral da historia...não ir pro monte vestido de vermelho!




Passagem em Porto Marin e ao ver o rio minho quase que dava pra pensar que estavamos em Portugal ao passar por um enorme grupo de venezuelanos e alguns tugas a mistura...






Continuamos e chegamos a um trilho em que tinha cerca de 1 palmo de água que ia correndo por umas rochas.





Não resisti e retirei o atrelado e andei a divertir-me á grande no meio da água a subir e descer as rochas.


















Finalmente encontrei uma vantagem no facto de andar a arrastar o atrelado....é que bastam 30 segundos e posso partir a loiça toda...enquanto o Daniel assiste e vai tirando fotos!


Pena que não me lembrei de fazer isto mais vezes...Quem não achou muita piada á brincadeira foi o meu joelho...toda a tarde me massacrou e fiz muitos km em sofrimento.

Tive mesmo de parar uns bons minutos e fiz uns alongamentos para parar de doer...e resultou um pouco... Não desapareceu mas atenuou.


Chegamos a Cazanova onde vamos ficar a dormir no albergue.


Hoje a etapa foi de 106 km com direito a um engano no caminho.

Estamos a 60 km de Santiago.

Amanha é o grande dia! Já estamos ansiosos!


Dia 8

8 Dia:

O refugio de montanha onde ficamos era bom demais...ficamos a dormir até as 6.30.


O pequeno almoço tambem estava incluido e estava a nossa espera á hora marcada, tal como as nossas bikes que nos vieram trazer á porta( estão a ver aqueles hoteis em que levam e trazem os carros? Aqui foi igual...só que com bikes!).
Serviço 5 estrelas, muito atencioso e acima de tudo com muito requinte e bom gosto...

Aconselho vivamente a quem quiser vir aqui e passar um bom fim de semana...para fazer O AMOR...(!)















Paramos ainda em frente a uma estátua de uma bike.


Aqui nesta aldeia morreu em tempo um peregrino a camainho de santiago. A forqueta partiu-se e o ciclista morreu.

Escusado será dizer que esta "imagem" nos veio á cabeça muitas mais vezes no restante caminho.





















Adiante...começamos a descer um single track vertiginoso e muito técnico...
















Foi o delirio total para mim e para o Daniel, mas um pesadelo para o atrelado e os alforges!



Correu tudo bem e chegamos lá abaixo todos inteiros.















Chegamos depois a Ponferrada uma cidade muito bonita e com muito para ver.

























Depois de uma visita aos paços do concelho e de umas boas fotos seguimos viagem.















Paramos para almoçar numa vila muito pitoresca, Cacabelos e aproveitamos pra comprar Isostar pra preparar uma tarde muito desgastante....a subida ao alto do Cebreiro.

Debaixo de um sol tórrido, o meu conta km marcava 39 graus...e nós a pensarmos em subir....

Esta é a ultima grande subida no caminho e que fazia relembrar o primeiro dia na subida aos pirineus.

Ainda nem sequer tinha começado a subida e já estavamos a ferver por todos os lados o que nos obrigava a parar em todas as fontes pra nao ficarmos desidratados.

Cheguei a um ponto em que nao aguentava mais e quando vi um riacho nem pensei duas vezes... Pés e mãos dentro de água e jersey também...















Fiquei fresquinho e em melhor estado pra atacar a longa subida.

O joelho ainda me dói mas a dor continua controlada.

Hoje coloquei uma joelheira elastica e se por um lado até ajuda e não me doeu tanto, por outro lado faz muita impressão a pedalar e acabei por ficar com uma alergia na perna por causa da fricção.

Sempre que viamos uma subida, logo uma interrogação saltava nas nossas cabeças...será esta?

E o raio da subida parecia que nunca mais chegava...até que...apareceu e não havia nada que enganar...era aquela!


Grau de dificuldade elevado, mas ja começamos a ficar habituados.

Aqui foram cerca de 10 km sempre a dar.
Como não queria forçar muito o joelho, subi quase sempre em pé numa mudança mais pesada para não ir ali aos saltos. E até fiz bem a subida. Cheguei a meio da subida e esperei pelo Daniel que vinha em ritmo de passeio(e bem!) fizemos mais um pouco de alcatrão e depois entramos no trilho de terra. Lá em baixo está tudo muito piquinino! a vista é fenomenal...















Aqui é que a dureza aumentou ainda mais...
Álem de ser uma subida inclinada, tinha muitas pedras soltas e alguns sitios só mesmo empurrando a bike.

Demoramos umas 3 horas a chegar bem lá ao alto, mas chegamos bem.

















Depois de umas fotos começamos a procura de um sitio pra ficar e começamos a galgar encosta abaixo.

Cerca de 5 km depois acabamos por encontrar uma residencial onde vamos ficar a dormir.















A etapa de hoje acabou com 86 km e já só faltam cerca de 150 km pra Santiago.

Amanha vamos ter mais um dia de sol, pelo que vamos tentar aproveitar a manha ao máximo.