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domingo, 25 de abril de 2010

Dia 6 -24/04/2010 (Itero de la Vega >Arcahuega)

Dia 6:


Depois de uma bela noite de sono fui acordado pelo Daniel.

O gajo não perdoa. As 5h30m ninguém o atura....até o coreano que estava no nosso quarto lhe queria dar duas cabeçadas... ( piada de coreanos!)


Preparar as tralhas todas leva sempre tempo e levamos sempre pelo menos uma hora a arrancar.

Hoje o dia estava frio e com muito nevoeiro.

Não conseguia ver nada com os óculos pois ficavam logo embaciados.

Já me tinha esquecido da sensação de andar de bike sem oculos...como eu já não vejo nada...com o nevoeiro tinha que tentar não acertar nos buracos...mas não foi facil.


O percurso de hoje era pra rolar e tentar fazer o maior número de km possivel de modo a termos tudo controlado para a subida á Cruz de Ferro na próxima segunda feira.


O andamento era bom e os km iam sendo devorados.

A altimetria batia certo e nada de grandes subidas ou descidas...

Paramos em Fromista pra tomar o pequeno almoço. Logo metemos conversa com um coreano que já estava no café.


Estivemos a trocar impressões e a aprender palavras novas e antes mesmo de vir embora já sabia umas coisas...agora de repente só me lembro de uma coisa tipo Tô mandoyô que significa até logo.














Montamos nas bikes e siga que se fazia tarde.



Parecia que estavamos a atravessar o alentejo tal as rectas e planicies que encontravamos...mas o caminho apesar de plano tinha alguma lama e cascalho solto o que obrigava a uma pedalada mais vigorosa e algum cuidado.

Sempre que avistava algum coreano, japonês ou chinês(é dificil diferenciar), aplicava a minha frase magistral e arrancava logo um sorriso rasgado da parte dos orientais.
Um episódio engraçado: iamos a passar por um grupo de 3 coreanas avózinhas e mandei-lhes o meu "Bitaite coreano".

Elas surpreendidas olharam umas pras outras e deram uma valente gargalhada e ficaram todas aos saltos... olhamos para tras tambem a rir e por isso não vimos a seta do caminho e enganamo-nos!mas só demos conta uns bons metros á frente...

Lá tivemos de dar a volta e voltar para tras e passar novamente pelas coreanas mas desta vez elas já estavam preparadas e a frase não surtiu o mesmo efeito! Mas deu pra impressionar!















Da parte da manhã estava uma brisa suave o que tambem ajudava ao bom ritmo.

Hoje avistamos algumas coisas dignas de registo para o momento "National Geografic..."












A dada altura passamos num campo que estava repleto de teias de aranha...e eis que me saquei da máquina e estive a experimentar umas fotos....e até nem ficaram mal!


Um pouco mais á frente, avistamos uns vulcões gigantes de formigas!










Nova paragem pra mais umas fotos e o Daniel começava a a abanar a cabeça como quem não está a achar piada nenhuma! Mas a vida destes minusculos seres mostrou-me como em grupo se conseguem fazer maravilhas!


Oportunidade para avistar mais algumas cegonhas que fazem os ninhos em qualquer lado...










Tive o meu primeiro percalço no caminho.

O encaixe da minha sapatilha desapertou e perdi um parafuso pelo que quando parei não conseguia tirar o pé esquerdo.

Por sorte (prefiro pensar que foi habilidade!) consegui soltar o pé direito e evitei a queda. Como não tinha o parafuso para substituir, tive de retirar o encaixe da sapatilha. Praticamente ia a pedalar só com uma perna pois a outra era pra esquecer uma vez que estava sempre a escorregar.

Tinha de encontrar rapidamente uma loja de bikes pra arranjar o encaixe pois senão poderia comprometer as nossas contas para a etapa.

Cerca de 8 a 10 km mais a frente chegamos a Carrion de los Condes e logo fui esperançado perguntar se havia alguma loja de bikes...

Perguntei a um senhor que passava, e ele coçou a cabeça e disse que achava que sim.

Enquanto isso o Daniel já tinha a informação que havia uma e lá fomos atras da "Taller de bicis".
Depois de algumas voltas lá encontramos.

Paguei 1 eur e trouxe 2 parafusos...mas que fique claro que não conto perder mais nenhum pelo caminho.


Toca a colocar o encaixe e seguir viagem...estava novamente " ligado" á minha Pellegrina.

Chegamos á hora de almoço já com 65 km e um sol radiante mas ao mesmo tempo perigoso.

Menu do dia tinha de ser massa...e tinha mesmo! "Pasta" para nós é como os espinafres para o popey.

Acabamos de almoçar ( massa com tomate, filete com batatas fritas e um gelado de cafe e caramelo) e eis que temos uma grande surpresa..Aparece o Santiago.


Cheio de genica lá nos apanhou. Comeu qualquer coisa e fez-se connosco ao caminho, mas avisou logo que não queria estragar o ritmo e ia parar dali a uns 15 km.

Quando estavamos a chegar ao sitio da despedida eis que o azar bateu á porta do Santiago.


A forqueta da bike dele partiu e por sorte não se magoou. Podia ter sido grave. Raios, ele não merecia.


Tentamos remediar a forqueta com fita cola mas nem assim aquilo se mantinha direito pra dar pelo menos pra conseguir chegar a uma loja...a um sabado á tarde em que estava tudo fechado... Não querendo atrapalhar a nossa jornada pediu-nos que continuassemos e ele iria arranjar uma solução.

Lá fomos no nosso caminho e uns 2km á frente vimos uma loja de bikes.

Tirei o atrelado e dei meia volta. Apesar de estar fechada havia uma loja e pelo menos segunda feira ele poderia resolver o problema.

Quando voltei atras já estava o Santiago no albergue rodeado de 2 homens a tentar arranjar a bike.

Ele desenrasca-se sempre e o dono do albergue conhecia o dono da tal loja de bikes. De tarde ia lá arranjar a bike.

Isso mesmo Santiago, nada de baixar os braços perante as adversidades!

Continuamos em silencio mas eu e o Daniel pensavamos no mesmo...podia acontecer a qualquer um de nós...até aos nossos maquinões....

O resto do dia foi complicado.

O vento contra estava mais forte, o sol mais forte tambem e as paisagens secas e desoladas não ajudavam.

Havia muito pouco para ver e o caminho era quase todo junto á estrada.Parecia que estavamos a atravessar um deserto...e andamos mais de 40 km sem ver nenhuma fonte de água.

Apenas já com mais de 100 km vimos algo interessante.

Primeiro vimos uns camiões gigantes parados que estavam a fazer uma auto estrada. São enormes!
Os pneus são mais altos que eu...uma coisa monstruosa!













A segunda coisa interessante foi em Mansilla de las Mullas.


Tinha uma exposição e muitas informações do caminho.


Entre elas uma explicação para as pedras que deixam na cruz de ferro ( deixo a explicação para segunda feira)...ou então...tentem ler na foto!






Continuamos o caminho ate Arcahuega onde terminamos a etapa de hoje com 131 km.

O albergue é novo com cerca de 1 mês.

Acabamos por ficar num quarto com 2 camas e suite.

Tivemos direito a jantar e pequeno almoço. Tudo por 26 eur cada um...nada mau...

Amanha já temos algumas subiditas... Tenho que me preparar pra arrastar o atrelado!


Alguns números para refletir:

-já temos mais de 500 km nas pernas!
-faltam cerca de 300 km pra chegar a Santiago.
-a velocidade media de hoje foi de 19 km/h.
-desde que começamos o caminho a velocidade média é de 9,5 km/h.
-velocidade maxima que atingimos no caminho é de 67,13 km/h

Asta manhana!

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