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sábado, 24 de abril de 2010

Dia 5 - 23/04/2010

5 Dia:
O dia de hoje começou um pouco mais tarde que o normal. Aproveitamos o facto de estarmos em quartos individuais para podermos dormir um pouco mais...mas pouco que a vida de peregrino nao se pode dar ao luxo de dormir muito.

Saimos de Villafranca em direcção a Burgos.




















O caminho era muito inclinado pelos montes de Oca mas lá fomos subindo quase sem aquecimento.


Depois de uns bons kms a subir atingimos o cume e o nosso mapa com altimetria indicava quase sempre descida até burgos...e estava certo!


Claro é um mapa(dahh). O que o mapa nao tinha lá...era que tinha chovido muito de noite e no dia anterior pelo que o caminho tinha muita lama e quase nem se notava a descida pois tinhamos que ir muito devagar e sempre a travar e a desviar dos charcos de água. Com a lama, o meu atrelado teimava em andar de lado pra lado e revelava-se muito instavel. Tinha de escolher muito bem o caminho senão...caía de certeza...e por falar em cair..ainda não foi hoje que caí! (dah!)

O percurso não estava muito famoso e para tornar as coisas mais interessantes passamos por uma zona de pedra solta em que o daniel teve de me ajudar a empurrar a bike pois eu sozinho não conseguia...
















Nessa zona encontramos um pastor com quem estive na letra e fiquei a saber que o homem tinha pra cima de mil ovelhas...e saía de manha e só regressava ao final do dia...para passear com as ovelhas...

Um pouco mais á frente encontramos um casal dos Estates com quem estivemos a falar sobre...o meu atrelado... Começa quase sempre por esse motivo...Um casal simpatico que me ajudou a desenferrujar o ingles e a desaconselhar o filho deles a não usar atrelado e a focar-se nos alforges.

Cada vez estou mais convencido que fiz uma má escolha. O Daniel acertou em trazer os alforges. Eu farto-me de pedalar e pedalar e quase nao saio do sitio quando o terreno é um pouco mais inclinado.
Continuando, estavamos a chegar a Burgos ao final da manha quando chegamos a um cruzamento em que as setas apontavam em 2 sentidos diferentes...fiquei que nem tolo no meio da ponte e escolhemos a seta que apontava para a esquerda...cerca de 2km depois os 2 caminhos voltavam a encontrar-se e a unir-se num só, mas foi um ponto negativo..



















A chegada a Burgos estava demorada e o caminho pregou-me uma partida.


Chegamos a uma linha férrea desactivada em que o acesso era em cascalho, mas para lá chegar era preciso subir cerca de 20 escadas...e não havia volta a dar... Lá teve que ser...desmontei da bike, tirei o atrelado, subi com a bike as costas, voltei pra buscar o "remolque" e carreguei-o escadas acima.




















Este exercicio fez-me pensar seriamente em despachar o atrelado pra casa assim que chegasse a Burgos e continuar de mochila as costas...Finalmente chegamos a Burgos!

Hora de almoço... Levamos quase toda a manhã para fazer cerca de 36 km...o que era pouco atendendo ao percurso do mapa.


Visita á catedral e ao centro da cidade e almoçamos mesmo ali numa esplanada.



Uma vez mais fui interpelado por causa do atrelado...desta vez por uma familia numerosa de ciclistas( os pais e 2 filhos pequenitos) a questionar sobre a melhor solução para fazer o caminho.

Depois da conversa (o meu Portinhol tá cada vez melhor, fruto da convivencia com o Santiago) fomos almoçar a um restaurante sugerido por este casal.
















Comemos Batatas bravas, morcilla de burgos e calamares.

E realmente estava tudo muito bom. Uma vez que estivemos muito tempo em Burgos tinhamos que dar a perna pois tinhamos poucos km.












Se a entrada em Burgos foi complicada, a saida não foi mais facil...novamente tirei o atrelado da bike, subi 3 lanços de escadas com a bike as costas e depois vim buscar o atrelado( se isto começa a ser frequente um dia destes esqueço-me do atrelado de vez) .


Seguimos caminho e quando já tinhamos deixado burgos para tras há uma horita, eis que o Santiago repara que a minha bandeira que ia no atrelado desaparecera.



Fiquei de rastos. A bandeira tinha sido uma oferta do Amandio e do Marco e não queria crer que a tinha perdido.



Voltamos para tras e começamos a perguntar aos peregrinos se tinham visto a bandeira...mas nada.




Lembrei-me então de ir sozinho procura-la mas sem o reboque que ficou com o Daniel.




A Lapierre Zesty 314 parece que tinha asas de um momento para o outro.




E voei em busca da bandeira.




Um casal frances disse-me que a tinha visto no chão a uns 3-4 km dali. Lançei-me a todo o gaz e eis que passados alguns minutos vejo a bandeira na mochila de um Austriaco que estava a fazer tambem o caminho.








Devolveu-me a bandeira e regressei a voar outra vez...(voltei novamente a ser invadido pela ideia de me desfazer do atrelado!)

Continuando o caminho chegou a hora de nos despedirmos do Santiago que nos acompanhou durante dois dias.





Uma pessoa humilde, 5 estrelas, que nos ensinou muitas coisas e que por não nos querer atrasar acabou por terminar a etapa mais cedo. Um abraço companhero.
















Continuamos até Itero de la Vega onde acabamos por ficar num albergue.




Fizemos um total de 101 km e estou bem...o joelho vai aguentanto.








O Albergue é muito modesto, nada parecido ao que nos vinhamos acostumando...Ao jantar tivemos a companhia de uma simpatica jovem de barcelona. Ana, obrigado por entenderes tão bem o nosso português.




E o pior...não tenho rede no telem!




Estamos no meio de nenhures e nada de rede de telemoveis!




Amanhã devemos atingir o meio do Percurso...mas olhando o mapa...vêm aí 2 etapas muito duras a fazer lembrar os Pirineus!




Vamos lá a ver se o atrelado aguenta! Amanhã temos etapa para rolar!

1 comentário:

  1. Peregrino Manuel,
    Um homem pode deixar muita coisa para trás neste caminho das estrelas, mas uma das coisas que deve preservar é a nossa querida bandeira. Fiquei muito sensibilizado com o teu hercúleo esforço para a recuperares. Os Heróis precisam de uma bandeira. O que seria de ti peregrino se quando chegasses ao túmulo do Santo sem a tua, ainda por cima oferecida como se de um testemunho se tratasse. Boa, desejo que Santiago te saiba recompensar desse esforço,
    Relativamente ao joelho, sugiro-te que tentes ao final do dia colocares gelo durante o maior tempo possível e eventualmente aplicares/tomares Voltaren (Diclofnac) em pomada ou comprimidos. Comigo resultou.
    Continuarei a acompanhar deste lado as espectaculares descrições das jornadas e a recordar a esta distância essa espectacular peregrinação. Até os ossos me doem com tanta inveja.
    Bom caminho peregrinos
    Amândio Rodrigues

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